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Foto do escritorMariana Kneipp

A renovação da energia vital


Em um sopro, o tempo está passando e você já vai completar um mês de vida, meu filho. Escrevo essas palavras no auge do puerpério, que tanto assusta, para guardar a emoção entre essas letras. E, ao mesmo tempo, enquanto escrevo, percebo que é tolice, pois nada é capaz de traduzir o que sinto neste momento. Talvez um conceito, que, de tão subjetivo, consegue se adaptar a interpretações de cada mãe: energia.


Energia, que pode ser gerada pela força. A força da resiliência. Primeiro, quando eu e seu pai tentamos por um bom tempo que você viesse, e você não vinha. Mal sabia eu que isso seria um spoiler dos capítulos seguintes do nosso encontro. Foram alguns meses buscando respostas até encontrar a decisão que mudou nossas vidas. Se a medicina pode nos ajudar, por que não? E assim você veio. Com uma ajudinha da ciência, mas também com muita fé e conexão com a espiritualidade.


Energia, que vem do amor. Pois foi no Dia dos Namorados, na semana em que eu e seu pai comemoramos nosso aniversário de casamento, que soubemos que você estava a caminho. Nunca vou esquecer o calor que senti ao ver o resultado do exame. Aquele valor mais alto do gráfico, ao lado de tantas tentativas frustradas de ter essa mesma resposta. Eu e seu pai só sabíamos chorar e agradecer por, enfim, esse dia ter chegado.


Depois disso, nosso caminho pelos nove meses foi de tranquilidade. Você nunca me fez sentir nada ruim. Seguimos juntos por toda a gestação, com o nosso amor crescendo a cada minuto.


Com a aproximação do parto, o reencontro com a energia da resiliência. 38, 39, 40 semanas e nada de você vir. Em uma consulta de rotina, a notícia de que o líquido amniótico estava reduzido e a confirmação do diagnóstico no hospital levaram à decisão da necessidade de indução do parto. No hospital, eu estava para fazer o exame e, de lá, eu não saí. Seu pai correu para buscar as malas em casa, e eu fui internada.


No dia do portal energético, 22/2/22, começou nossa jornada para nos conhecermos.


E a energia da força voltou. Descobri no momento mais difícil que eu tenho uma resistência muito grande a medicações, e a anestesia não fez efeito. Foram 13 horas de parto normal com dor. Uma dor que eu não conhecia, que eu achei que não ia suportar. Uma dor indescritível, que me fazia gritar, chorar, pedir ajuda. Seu pai foi o meu alicerce. Sem ele, não teria conseguido. Durante todo o processo, ele dizia que me amava, que estava ao meu lado, segurava a minha mão. Tenho certeza de que ele teria dividido a dor comigo, se pudesse. Devo você a ele, em todos os sentidos.


Então, quando ouvi nossa médica de confiança, que sabia o quanto eu queria parto normal, dizer à assistente para "preparar a mesa", uma indicação de que seria necessário mudar para a cesariana se aquela última manobra não funcionasse, eu já não tinha mais força para negar. Só queria te ver comigo e bem. Mas não precisou. Na última tentativa, você veio. E tudo mudou.


O choro de dor se transformou em lágrimas de amor em uma fração de segundos. Tudo valia a pena porque você estava nos meus braços. O mundo parou. Não ouvia mais nada. Não sentia mais nada, além de... energia. Todo o meu corpo que, minutos atrás, estava no chão, se reergueu para te segurar. Nada mais importava.


Tudo parou quando eu te vi. Nada do que eu vivi ou vou viver se compara à energia daquele momento. Eu, você e seu pai ali juntos pela primeira vez.


E, quase um mês depois, continuamos assim. Aprendendo a cada dia com você como podemos ser pessoas ainda melhores para retribuir o que você nos deu: a renovação da energia vital.

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