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Foto do escritorMariana Kneipp

Você não 'tem que' nada


Você "tem que" fazer isso, "tem que" ser assim... quantos "tem que" ouvimos por toda a nossa vida? Acabei de fazer 35 anos e já perdi as contas de quantas vezes me vi questionando normativas sociais, fossem elas comigo, fossem com outras pessoas. A noção de que temos um único caminho a seguir é perturbadora. Precisamos falar sobre isso e quebrar os padrões de comportamento.


Quando somos mais jovens, "temos que" brincar com bonecas, afinal "bola e pique não são para meninas". Brinquedos e brincadeiras são direitos de todas as crianças. Não incentive a exclusão e o preconceito. Você tem um papel muito forte na formação da nova geração e esses conceitos precisam ser combatidos.


"Temos que" aprender a cuidar da casa. Seria ótimo se fosse com o propósito de sermos independentes, mas sabemos que a frase mais comum é para estarmos "prontas para casar". Troque o discurso. Quando alguém aprender a cozinhar, fazer faxina ou consertar algo em casa, se você quer mesmo falar algo, elogie por ter aprendido algo novo. Encare como uma conquista pessoal.


O que você vai ser quando crescer? Engenheira, policial, jogadora de futebol? Isso é coisa de homem. Não existe teste genético para passar no vestibular. Se você não tiver o cromossomo Y, não tem problema algum. Seus dois XX estão aí para multiplicar suas opções.


Ainda sobre trabalho, "tem que" pensar como vai conciliar tudo. "Tem que" ser uma profissão que não exija muito do seu tempo. Toda mulher chega a um momento de escolher entre carreira e vida pessoal. Não, os dois não são excludentes. Você não "tem que" abrir mão dos seus sonhos.


"Temos que" casar. Como assusta a ideia de uma mulher solteira/divorciada/viúva e feliz, né? O conceito de estar bem sem depender de uma relação parece inconcebível para muites. Pode ser - para muites, não para todes. E, mesmo que você esteja com alguém, ter que responder o tempo todo: "Quando vocês vão casar?" não é só inconveniente, é desrespeitoso. A decisão do casamento, assim como a dinâmica dele, só diz respeito aos envolvidos.


"Temos que" ter filhos. Ser mãe é muito pessoal. Tem quem espere por inúmeros motivos, tem quem tente e não consiga, também por inúmeros motivos, e tem quem simplesmente não quer. E, não, isso não vai mudar. Dizer "espera até você ficar mais velha" é outro incômodo desnecessário. Ser mais nova não significa não saber o que quer. Claro, há mulheres que mudam de ideia, afinal, temos esse direito. Mas não podemos encarar a maternidade como algo imperativo.


"Temos que" alisar o cabelo, usar maquiagem, subir no salto alto, usar vestidos ou saias, mas nada muito chamativo ou decotado, afinal "temos que" arrumar um namorado/marido (sim, o gênero é masculino, não costuma haver espaço para outras alternativas), mas, só vamos arrumar um namorado/marido, se formos femininas sem ameaças à masculinidade dele ou provocações sexuais aos demais homens ao nosso redor. Não "temos que" lutar contra nossos gostos pessoais, contra a estética e o envelhecimento. Se você se sente bem usando cosméticos, no salto 15, fazendo dietas e procedimentos cirúrgicos (com aconselhamentos médicos), excelente. Se se sente mais confortável com calças e tênis, não se importa (por você, não por outres) em deixar os cabelos brancos e rugas aparecerem e usar tamanhos 44, 46, 48, 50, etc (com saúde), faça.

A questão é muito simples: normativas sociais, principalmente as impostas a mulheres, são tóxicas. Você não "tem que" fazer, ser ou seguir nenhum padrão de personalidade, de relacionamento, profisisonal ou estético. Tenha orgulho de ser quem você é. Seja a protagonista da sua própria história.

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